quinta-feira, 8 de agosto de 2013

IV Conversão

                                                             IV
Nosso Senhor & Salvador Jesus Cristo, Árvore & Livro da Vida, eu só experimento neste subúrbio o amargo sabor da solidão espiritual, pois as culturas não se cruzam em praça pública, porque nossos libertários decidiram que a axiologia cristã deve ser “protegida das paixões populares”, & por isso os materialistas trancaram Vossa palavra dentro dos muros de nossas Igrejas. Nossa cidade é símbolo de uma oligarquia demagoga, onde jovens desperdiçam suas vidas fumando pedras entorpecentes sob os olhares desdenhosos dos rebeldes que combatem pela liberdade absoluta de cada um de precipitar-se no abismo do Nada, quando nenhum deles há que não oriente sua prole a conduzir-se em conformidade com os bons costumes da sociedade burguesa que eles hipocritamente criticam. Não, os libertários, com seu egoísmo de burocratas que detestam o monarca & a Igreja só porque querem comandar como uma nova aristocracia & dar sermões (imorais) como novos sacerdotes, pouco estão se lixando para a violência que grassa nos subúrbios. Se jovens depauperados são executados nas vielas, nossos libertários bradam contra a segurança pública, nunca contra a narcoguerrilha, pois só se associam com a mais absoluta licenciosidade (desde que o sangue inocente não espirre nos muros de seus condomínios).
Minha maturação espiritual ocorre passo a passo, ao tomar consciência de que não posso declamar salmos imprecatórios contra criminosos hediondos, de vez que libertários & anarquistas se dão as mãos para garantir como direito individual fundamental a liberdade absoluta dos hediondos narcotraficantes, que pela lei mais eivada de iniquidade, não podem sequer ser investigados, & menos ainda reprovados moralmente. Ó tempos! Ó costumes!
Eu mesmo me exortei a perscrutar o caminho da verdadeira fé, ainda que começasse pelos diálogos de Platão, porque pertence à nossa tradição aquela fé que busca o intelecto. Contudo, em meu caminho encontrei uma Pessoa, Jesus Cristo, Deus humilde que se fez pequeno para que pudéssemos ver a grandeza do Pai. Em Jesus Cristo, Deus Pai, nosso rochedo & nossa fortaleza, nos exorta para que determinadamente caminhemos pela única via que nos conduz à luminosa Verdade. Ele nos exorta ao batismo na Igreja Católica, para que nos tornemos Seus filhos, & tenhamos em Cristo Rei nosso educador & nosso mestre, pois a profundeza de seus ensinamentos de amor (Amai-vos uns aos outros, assim como eu vos amei), dá o horizonte a ser seguido no percurso a ser trilhado, não sem fadigas, pelo catecúmeno & pelo batizado, que logo é exortado a treinar seu voo com as asas da Fé & da Razão no sentido de conhecer o Verbo de Deus, Jesus Cristo, a Verdade. Só podemos conhecer a Verdade se conhecemos a Pessoa de Cristo Rei, nosso Deus.
Por isto, não confundimos a verdadeira gnose, a verdadeira inteligência que alcança a Verdade divina, com todo o discurso falso dos gnosticismos órficos & niilistas, que tentam encobrir a Verdade com uma obscura poética das sombras. Porque só a fé católica, compelida por uma exortação de princípio sobrenatural, pode construir, pela razão, a verdadeira catedral do conhecimento de Cristo, edificando a conversão maximamente verdadeira no caminho que deve ser percorrido em nossa vida, erigindo, assim, a única & verdadeira Filosofia. Porque só podemos desenvolver nossa fé cristã como a única & verdadeira gnose se nossas almas se unirem a Cristo Rei, ao Cordeiro de Deus, aquele que tira os pecados do mundo, a Verdade de Deus que nos exorta a nos conduzirmos para Ele.
Todos os cristãos devem viver sua fé em comunhão, & essa comunhão se dá na abertura de todos & de cada um para a santidade, esse horizonte de resplendentes raios de amor. Se os cidadãos vivem a fé em seu cotidiano, orando, praticando os mandamentos de amor ordenados por Cristo Rei, indo à missa & dedicando-se, na medida do possível, a evangelizar o Reino dos Céus, sempre observando os dogmas da Igreja encontrados nos Pais & Doutores da Igreja, como em São Clemente de Alexandria, é um nível de experiência cristã bastante louvável. Pois há quem, no interior dessa comunhão da fé, possa ser chamado de verdadeiro gnóstico, ou de cidadão verdadeiramente inteligente & crente, que se põe de coração & de mente abertos à perfeição espiritual, que corresponde ao percorrer de um caminho em busca do conhecimento do Verbo de Deus, tendo por educador & mestre Jesus Cristo, para que assim possa alcançar as verdades constitutivas da fé & a Verdade mesma, Cristo Rei que nos resgatou & nos reconduz a Ele mesmo, que é o Caminho, a Verdade, & a Vida.
Contudo, o conhecimento alcançado pelo verdadeiro gnóstico, é uma experiência viva da fé católica, porque nem se reduz a uma simples teoria sobre o conteúdo da fé nem é uma prática do amor sem uma busca esforçada pelas verdades que constituem esse mesmo conteúdo da fé: a verdadeira gnose é a união da alma do crente a Jesus Cristo, pois o amor só transforma a vida do homem se este, exortado por Cristo Rei, se deixar conduzir pela Verdade para a união n’Ela. Porque o autêntico gnóstico conhece Cristo como o amor que desfecha o nosso olhar, gerando na alma do homem a comunhão com o Verbo de Deus, aquele que dá sentido à vida humana, & nela o cristão se unifica com Deus, pela contemplação da Verdade & Vida do Verbo nessa comunhão, alcançada pelo conhecimento perfeito & pelo amor. Filosofia & caridade devem doravante caminhar sempre juntas, pois o LOGOS é amor. Ninguém está privado da luz desse amor, & todo coração humano pode converter-se em candelabro dessa luz.
Quando Deus criou o homem, Ele nos criou concedendo-nos a conaturalidade com Ele, criando-nos à Sua imagem & à Sua semelhança. Esse é o nosso fim último: tornarmo-nos semelhantes ao Senhor. O propósito de encararmos o desafio & caminharmos guiados por Cristo Rei é possibilitado por nossa conaturalidade com Ele, para que caminhemos para nossa perfeição espiritual. Em primeiro lugar, o homem deve aderir á fé católica, à comunhão que é conhecimento do divino Verbo, Verdade & Vida, &, partindo dessa fé, vive-la no exercício da virtude, a qual pode alcançar a visão contemplativa de Deus, Criador do Céu & da Terra. Não podemos conceder maior valor à uma prática moralmente reta ou a um conhecimento intelectual das verdades da fé, porque o exercício da virtude & a filosofia andam de mãos dadas: eu não conheço a Deus sem viver guiado por Cristo, sem a prática do amor, & não posso viver guiado por Cristo sem um conhecimento íntimo do Verbo de Deus, sem a verdadeira filosofia construída pela fé. Viver conforme o LOGOS, viver conforme a Verdade anda de mãos dadas com a verdadeira Filosofia, & uma vez que ambas as exigências são concomitantemente cumpridas (viver segundo Cristo & conhecer a Cristo), o verdadeiro gnóstico pode assimilar a Deus & contemplá-Lo. Se a sombra acompanha o corpo, as ações virtuosas devem seguir a verdadeira Filosofia.
A alma do inteligente que conhece a Verdade é ornada por uma dupla de virtudes que conjugam a impassionalidade diante das paixões tiranas & a verdadeira paixão do cristão, o amor daquele que busca unir-se intimamente com o Pai. A APATHEIA é a impassionalidade do autêntico gnóstico, que busca libertar-se da tirania das perturbações passionais. O amor é a verdadeira paixão daquele que aceita a condução de Cristo Rei, nosso mestre, que nos exorta a subir de altura em altura em uma vertiginosa & incessante escalada, no escopo de assimilarmos a Deus, possibilitando-nos, a partir da perfeita paz concedida pela experiência do amor, encarar até o extremo sacrifício daquele que aceitou caminhar guiado pelo Verbo encarnado rumo à união com o Pai eterno. Para assimilar a Deus, a criatura humana fiel à Verdade sabe que pode enfrentar até a cruz ao seguir as pegadas do Cordeiro de Deus.
Faz-se necessário o diálogo fecundo entre a filosofia platônica & o anúncio do Evangelho, nesta modernidade libertária & comunista que desenterrou do esgoto das pulsões ctônicas a tradição órfica, a ritualidade orgiástica, a violência de deuses & heróis homéricos, a dilaceração da alma própria das personagens da tragédia ateniense, a apologia estoico-niilista do suicídio, a imoralidade como fundamento da ação política, a aversão à caridade como sinal de tradição transvalorada, a sociedade sem classes inventada & dominada pelo Partido, a luxúria mais voluptuosa como modo propriamente humano de viver a sexualidade.
Diante dessa expansão dos panfletários do caos, cegos à tirania do narcotráfico, dos latrocidas & dos cafetões, indiferentes ao pranto das mães que lamentam sua prole abandonada aos vícios mais corrosivos & imiscuída na bandidagem sem esperança de uma vida reta, só os arautos da noite da razão, ansiosos para copularem livremente com o que há de mais sórdido, conscientes de que podem drogar-se, brigar sangrentamente na rua, atropelar transeuntes, estuprar garotas bêbadas, & dedicar-se a todo tipo de crimes maiores, sempre justificáveis pelo seu entorpecimento espiritual & defensáveis pela legislação penal mais permissiva & promíscua do cosmo, é que ratificam as filosofias da suspeita que demoliram toda a cosmologia que enchia de sentido a vida de cada um de nós. Que os mais renomados doutores em filosofia, os quais jamais contarão entre o número dos verdadeiros filósofos, jamais tenham desejado outra coisa para esta sociedade, senão que ela fosse minimamente organizada, minimamente segura & minimamente educada para garantir os impostos ou as mensalidades que pagam seus salários, isto se deve ao fato de que, contrários a toda nossa axiologia católica, sempre se dispuseram a demoli-la intelectualmente, difamando-a, caluniando-a, chamando a todos nós, que nos esforçamos para praticar a virtude, de hipócritas, como se eles, tão somente preocupados com a satisfação de seu baixo ventre, fossem a forma exemplar de toda virtude, pois a virtude, no mundo libertário-social, é não ser caridoso, amoroso, esperanço, nunca ser fiel ao nosso Deus, Jesus Cristo, o humilde nazareno, o Cordeiro que tem piedade de todos nós.
Platão, aquele que começou o combate sistemático contra os poetas & os sofistas, é uma propedêutica para nossa fé católica, pois Deu concedeu aos helenos a filosofia para que ela fosse um Testamento daquele povo: dois riachos confluíam, como revelação, para o Verbo de Deus: um era aquele da lei mosaica para o povo judeu, outro era aquele da filosofia grega para os helenos. É preciso que acentuemos, caros irmãos, não só aos cristãos, mas também aos ateus & aos panteístas, que a verdade pertence à esfera da metafísica, & que o discurso filosófico acompanhado pela fé cristã é um cântico de louvor ao único Senhor & Criador do cosmos.
Cantemos com Clemente de Alexandria ao único Pai, ao Filho, nosso pedagogo & mestre, junto com o Espírito Santo!

 

 

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