terça-feira, 17 de setembro de 2013

O CARNAVAL COMO FONTE DE NOSSA IMORALIDADE, OU: TUDO PARA A LIBIDINOSA ALEGRIA DA OCLOCRACIA


                Não houve um só momento na recente história brasileira em que a intelligentsia nacional, completamente dominada pela sua concupiscência e pela sua ira, tenha deixado de justificar, celebrar, glorificar e sacralizar o carnaval brasileiro como fonte da moral pátria, o que já nos informa que ela não só é socialista como também licenciosa ao extremo (o degenerado regime que em grego se chama oclokratia). [i]

Toda vez que um cidadão, diante do carnaval, se escandaliza com a imensurável ausência de valores morais, os quais não só possibilitam uma experiência de vida harmônica na cidade (e, por que não dizer sinfônica), como também lhe apontam seu próprio sentido, a corriola inteira dos marxistas, niilistas e freudianos de plantão alardeia em praça pública que o brasileiro padece de um conservadorismo autoritário, fascista, coisa de gente desinformada, atrasada ou, como os filósofos do perigo gostam de afirmar categoricamente, quem moraliza é sujeito mal esclarecido e crédulo, ingênuo e supersticioso.

Desqualificando assim toda pessoa que, deliberando e decidindo desde o centro e o topo de sua consciência moral fundada sobre as verdades da imortalidade da alma e da existência de Deus, nossos acadêmicos escarnecem da palavra moralidade nas salas de aula, ao mesmo tempo em que enaltecem como o melhor e mais alto espelho da nação a nudez despudorada, a batucada frenética, a incontinência da luxúria e a violência dos quebra-paus de rua como sendo os componentes da experiência psíquico-fisiológica por excelência do entorpecimento mais libertador. Segundo a Filosofia da Suspeita que jamais pisa o território onde a oclokratia medra e abunda a felicidade humana só pode ser atingida pela alegria da libido, pela subcultura marginal que faz as apologias do banditismo social, da intolerância aos símbolos cristãos e da dilaceração do indivíduo na torrente da toxicomania, da promiscuidade orgíaca e do exibicionismo de todas as obscenidades privadas.

Ainda que o cenário cultural fabricado pelos panfletários do caos venha produzido desde os gabinetes de nossa inquisidora intelectualidade (pois quem suspeita se posiciona como magistrado para julgar segundo sua idiossincrática hermenêutica de Marx, Freud e Nietzsche), ainda há cidadãos que, como este que vos escreve, preferem o ostracismo à mordaça daquele que caiu e que, sem fé, esperança ou amor no coração, voluntariamente sobrevive dentro da caverna de suas paixões mais perversas, encurvado sobre si mesmo e sempre olhando para seu baixo-ventre, quando não para o chão cheio de dejetos, imaginando não haver redenção no cosmos que ele, como todo idiota, sequer deseja perceber.

Quem olhar para o Brasil desde o centro e o topo de sua consciência moral, seja anelando pela visão do hipostático Uno-Bem dos neoplatônicos, seja crendo fielmente na Santíssima Trindade, está plenamente avisado pela sua própria convivência social de que não só é impossível condenar no mundo da cultura a corrupção e a impunidade dos parlamentares degenerados, como é inviável recriminar a conduta imoral de narcotraficantes, proxenetas, fraudadores, estelionatários, latrocidas, assaltantes, estupradores e sequestradores, pela simples razão de que libertários, socialdemocratas, comunistas e anarquistas bradam em uníssono que é preferível manter o ritmo carnavalesco da amoral justiça brasileira, do que dar ouvidos ao melhor que o Ocidente já recebeu da Providência divina: a filosofia de Atenas, o arcabouço jurídico de Roma e o monoteísmo de Jerusalém. É preferível, para nossa intelectualidade, celebrar o carnaval como símbolo máximo da cultura brasileira e exortar a uma carnavalização geral dos costumes, para que Pindorama não só encene o trágico Drama de um demagógico Matriarcado de romancistas, como por esse teatro se liberte da Cruz, do LOGOS, de toda Palavra, Razão e Sentido, para que vivamos perpetuamente a apoteose de nosso amor-próprio, ingerindo o nocivo destilado da licenciosidade em estado puro e nos entregando aos prazeres dos comícios, dos bailes e das orgias, para que o OCLOS só ouça o que lhe agrada, passe a vida requebrando ao som das pancadas eletrônicas que varam a noite, e liberte sua libido de todos os grilhões postos em um corpo humano que já não deve ser mais entendido como morada do Pai, sequer como morada do Homem.

Animalizados ao extremo pela subcultura da revolta, da suspeita e da desconfiança disseminada pelo sistema educacional, detestando o cosmos e glorificando o triunfo do caos, não é à toa que nossos jovens cultuam em seus corações uma atmosfera caótica onde o ar é trevoso, onde ninguém está protegido da desordem, do vício e da arbitrariedade dos outros, onde demônios atearam um fogo fatal em todo o sangue adolescente: nenhuma paixão é ilícita, pois ilícito agora é orar por moderação, prudência, coragem e justiça, uma vez que os portões da razão foram arrombados por uma horda inflamada pelo encantamento das vozes trágicas que arrastam, para dentro das catedrais, suas ancestrais majestades monstruosas, os anjos caídos ansiosos por povoa-las com o caos de um Abismo sem redenção: o eterno carnaval do OCLOS que vocifera NÃO ao Pai e assume para si seu lugar no Nada.



[i] Citarei nesta nota apenas uma das inúmeras reportagens produzidas para descrever a montanha de cadáveres erigida morbidamente pela oclokratia que é o nosso carnaval. A reportagem segue citada na íntegra, para que aqui não se omita nada do que o clima carnavalesco pode proporcionar de pior na sociedade. Os nomes das vítimas também seguem incluídos na citação, para que o leitor perceba que não estou falando de números, como os intelectuais costumam fazer, mas de vidas humanas. Os filósofos da suspeita pouco ou nada dizem sobre essas vidas humanas desperdiçadas no processo criminalóide de dissolução e desregramento que eles propõem do topo de suas cátedras. “CRIMINALIDADE EM ALTA: 48 assassinatos no Carnaval. Somente no Interior do Estado, 26 pessoas foram executadas. Na Capital, um garoto de 10 anos de idade foi fuzilado. Um homem foi assassinado e seu corpo deixado numa estrada de terra no Município de Aquiraz. A Polícia identificou a vítima como Eliseu Neto Alves da Silva. Há suspeita de uma vingança. Pedro Sousa Silva, 19, foi preso um dia após matar um garoto de 10 anos no bairro Tancredo Neves. Na Polícia ele não demonstrou nenhum arrependimento. O crime estaria ligado ao tráfico de drogas. Na casa onde os criminosos estavam escondidos a Polícia encontrou três revólveres de calibre 38, além de muita munição de reserva. O cerco foi montado pela equipe da FTA da 4ªCia/5ºBPM e Cotam. Um garoto de apenas 10 anos de idade está entre as 48 pessoas assassinadas em todo o Estado durante o período carnavalesco. Desde a última sexta-feira, a Polícia fez o registro de 26 casos de homicídio no Interior e outros 22 na Grande Fortaleza, sendo 16 em Fortaleza e outros seis nos Municípios metropolitanos de Itaitinga, Guaiuba, Aquiraz (dois casos) e Caucaia (também dois registros).A morte do garoto Claiton da Silva aconteceu na noite de sábado passado, quando ele foi executado, com cinco tiros de revólver (dois deles na cabeça), na calçada de um mercadinho localizado na Rua Padre Francisco Pita, no bairro Tancredo Neves. Segundo a Polícia, uma desavença entre gangues pelo controle do tráfico de drogas naquele bairro teria sido o motivo da execução sumária do menino. Presos: No dia seguinte ao crime, policiais da 4ª Companhia do 5º BPM receberam denúncia acerca de quem teria praticado o homicídio. A tenente Nara Fernandes comandou a operação de cerco aos acusados juntamente com policiais da Força Tática de Apoio (FTA) da companhia e duas patrulhas do Comando Tático Motorizado (Cotam), do Batalhão de Polícia de Choque (BpChoque), sob o comando do tenente Rafael Cidrim e do subtenente Carlos.Numa casa situada na Rua Tibúrcio Pereira, no bairro Cajazeiras, os policiais prenderam Pedro Jeová da Silva, 19; e Ronys Lima Morais, 18. Os dois confessaram o crime. A Polícia deteve também Jociel Torres Gonçalves, 20, que teria emprestado sua motocicleta para os assassinos do garoto fugirem. “Matei e não estou arrependido, ele ia me matar”, disse Pedro Silva ao confessar ter atirado no garoto. Segundo ele, o menino pertencia à gangue da ´Cinquentinha´, que atua no tráfico de drogas no bairro Tancredo Neves e que seria chefiada por um bandido conhecido por ´Tiaguinho´. Na casa onde os bandidos foram presos a Polícia apreendeu três revólveres calibre 38. Crimes na RMF: A sequência de assassinatos no Carnaval na Grande Fortaleza teve início ainda na noite de sexta-feira na Grande Fortaleza, quando duas pessoas, identificadas como Francisco de Assis Silva de Oliveira e José Reginaldo Domingos de Paula, foram mortas nos bairros Maraponga e Vila Manuel Sátiro, respectivamente. No sábado, sete homicídios tiveram como vítimas Paulo Sérgio Rodrigues da Silva (no Siqueira), Igor Ferreira da Silva (Mucuripe), José Ednaldo Vieira da Silva (Itaitinga), Edmar Soares da Costa (Guaiúba), Francisco Denilson Pereira de Sousa (Messejana), o garoto Claiton da Silva (Tancredo Neves), Antônio Rocha de Sousa Júnior (Quintino Cunha) e Francisco Leandro Alves Damasceno (no bairro Serviluz). No domingo, foram mais seis assassinatos, tendo como vítimas Wállisson Oliveira de Carvalho e Reginaldo Moreira de Oliveira (duplo homicídio no Conjunto Rosalina), Francisco Jeová dos Santos (Carlito Pamplona), Francisco de Sousa Silva (Jardim Jatobá), Francisco de Assis Brito Alves (no Bom Jardim), e Paulo Jackson Rael de Araújo (no Henrique Jorge). Na segunda-feira, seis pessoas foram na RMF: Francisco Pereira da Silva Filho (em Aquiraz), Francisco Henrique André Gomes (no Cambeba), Eliseu Neto Alves da Silva (corpo desovado na Estrada da Boa Vista, em Aquiraz), Cláudio Roque de Assis (em Japuara, Caucaia), José Audízio Moreira de Oliveira (na Jurema, Caucaia) e Francisco Bergson Almeida Santos (no bairro Canindezinho). Interior: O maior número de homicídios aconteceu no Interior do Estado, onde até a noite passada foram mortas as seguintes pessoas, Luiz Alves (em Pindoretama), Cícero Fábio Pereira Guedes (em Juazeiro do Norte), José Maria Rodrigues de Melo (Limoeiro), Maria Rodrigues Sousa (Massapê), Expedito Ferreira (Jucás), Thiago Sousa Dias (Itapipoca), José de Sousa (Quixelô), Paulo Sousa (Icó), João Soares Duarte (Aiuaba), Gregório Francisco dos Santos (Viçosa do Ceará), Manuel Torres de Sousa (Sobral), Francisco Paulino da Silva (Ocara), Rafael Jackson Bezerra (Juazeiro), Alexandre Pinto de Lima (Sobral), Antônio José de Oliveira Silva e Maria do Carmo de Oliveira (duplo homicídio em Quixeré), José Neto Vitor da Silva (Jaguaribe), Cícero Cosmo da Silva (Acopiara), Francisco da Costa Carvalho (Crateús), Cristiano Sobral do Nascimento (Cedro), Antônio Ximenes Aragão (Varjota), Antônio Gomes (Quixadá), Natália Alexandrino Vieira (Barbalha), Messias Nascimento dos Santos (Aurora), João Batista do Nascimento (Acaraú) e Orlando Ferreira (em Itarema). Arsenal: 28 armas de fogo foram apreendidas pela Polícia na Capital e no Interior durante o período de Carnaval. A maioria era revólveres de calibre 38, além de pistolas de vários modelos.”
 
 
 

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