segunda-feira, 23 de setembro de 2013

UMA APOLOGIA DA FÉ CRISTÃ ( I )

 
“Com efeito, nós não pensamos sobre Deus, e também Pai, e sobre seu Filho como fantasiam vossos poetas, mostrando-nos deuses que não são em nada melhores do que os homens, mas que o Filho de Deus é o Verbo do Pai em ideia e operação, pois conforme a ele e por seu intermédio tudo foi feito, sendo o Pai e o Filho um só. Estando o Filho no Pai e o Pai no Filho por unidade e poder do espírito, o Filho de Deus é inteligência e Verbo do Pai. Se, por causa da eminência de vossa inteligência [imperador Marco Aurélio], vos ocorre perguntar o que quer dizer ‘filho’, eu o direi livremente: o Filho é o primeiro broto do Pai, não como feito, pois desde o Princípio Deus, que é inteligência eterna, tinha o Verbo em si mesmo; sendo eternamente racional, mas como procedendo de Deus, quando todas as coisas materiais eram natureza informe e terra inerte e estavam misturadas as coisas mais pesadas com as mais leves, para ser sobre elas ideia e operação. E o Espírito profético concorda com o nosso raciocínio, dizendo: ‘O Senhor me criou como princípio de seus caminhos para suas obras’. Com efeito, dizemos que o mesmo Espírito Santo, que opera nos que falam profeticamente, é uma emanação de Deus, emanando e voltando como um raio de sol. Portanto, quem não se surpreenderá ao ouvir chamar de ateus indivíduos que admitem um Deus Pai, um Deus Filho e um Espírito Santo, que mostram seu poder na unidade e sua distinção na ordem? [Explicação: em Atenágoras se apresenta uma das primeiras formulações da Teologia trinitária; desse modo, o Filho de Deus é o Verbo coeterno, mediador único da Criação cósmica, sendo sua natureza divina, e estando presente na explanação de Atenágoras alguns traços das relações entre as três Pessoas da Santíssima Trindade.] E a nossa doutrina teológica não para aqui, mas dizemos que existe uma multidão de anjos e ministros, aos quais Deus Criador e Artífice do mundo, por meio do Verbo que dele procede, distribuiu e ordenou, para que estivessem em torno dos elementos, dos céus, do mundo, do que há no mundo, e cuidassem de sua boa ordem.”



Atenágoras de Atenas, Petição em favor dos cristãos, cap. 10, ano 177 d. C.  

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