sexta-feira, 27 de setembro de 2013

DEUS, OU: A TEARQUIA CÓSMICA, O PANTOCRATOR




“O multinomeado Deus é chamado Pantocrator, porque ele é a sede onipotente de todas as coisas, abrangendo e penetrando todas as coisas, dando a todas as coisas estabilidade e fundação n’Ele mesmo, e vinculando todas as coisas conjuntamente. Ele aperfeiçoa tudo n’Ele mesmo, de modo que tudo não seja movido, e todas as coisas d’Ele provém como procedente de uma onipotente raiz, e todas as coisas são dirigidas para Ele mesmo em retorno, como para um onipotente tronco que carrega e sustenta todas, e Ele abrange todas as coisas como soberano trono de todas. Todo o abrangido encontra segurança n’Ele de acordo com um único abranger transcendente; enviadas para frente a partir d’Ele e conduzidas desde este coração oniperfectivo, elas não podem perecer. Portanto, a Tearquia é chamada Pantocrator, tanto como regendo sobre tudo, quanto como regendo no interior de tudo, embora sem confusão, como sendo desejada e amada por tudo, e impondo um voluntário jugo sobre tudo e as doces pontadas de um divino, onipotente e indissolúvel anelo por Sua própria bondade.”  

 (Pseudo-Dionísio Areopagita, Dos Nomes Divinos, X. I)  

segunda-feira, 23 de setembro de 2013

UMA APOLOGIA DA FÉ CRISTÃ ( I )

 
“Com efeito, nós não pensamos sobre Deus, e também Pai, e sobre seu Filho como fantasiam vossos poetas, mostrando-nos deuses que não são em nada melhores do que os homens, mas que o Filho de Deus é o Verbo do Pai em ideia e operação, pois conforme a ele e por seu intermédio tudo foi feito, sendo o Pai e o Filho um só. Estando o Filho no Pai e o Pai no Filho por unidade e poder do espírito, o Filho de Deus é inteligência e Verbo do Pai. Se, por causa da eminência de vossa inteligência [imperador Marco Aurélio], vos ocorre perguntar o que quer dizer ‘filho’, eu o direi livremente: o Filho é o primeiro broto do Pai, não como feito, pois desde o Princípio Deus, que é inteligência eterna, tinha o Verbo em si mesmo; sendo eternamente racional, mas como procedendo de Deus, quando todas as coisas materiais eram natureza informe e terra inerte e estavam misturadas as coisas mais pesadas com as mais leves, para ser sobre elas ideia e operação. E o Espírito profético concorda com o nosso raciocínio, dizendo: ‘O Senhor me criou como princípio de seus caminhos para suas obras’. Com efeito, dizemos que o mesmo Espírito Santo, que opera nos que falam profeticamente, é uma emanação de Deus, emanando e voltando como um raio de sol. Portanto, quem não se surpreenderá ao ouvir chamar de ateus indivíduos que admitem um Deus Pai, um Deus Filho e um Espírito Santo, que mostram seu poder na unidade e sua distinção na ordem? [Explicação: em Atenágoras se apresenta uma das primeiras formulações da Teologia trinitária; desse modo, o Filho de Deus é o Verbo coeterno, mediador único da Criação cósmica, sendo sua natureza divina, e estando presente na explanação de Atenágoras alguns traços das relações entre as três Pessoas da Santíssima Trindade.] E a nossa doutrina teológica não para aqui, mas dizemos que existe uma multidão de anjos e ministros, aos quais Deus Criador e Artífice do mundo, por meio do Verbo que dele procede, distribuiu e ordenou, para que estivessem em torno dos elementos, dos céus, do mundo, do que há no mundo, e cuidassem de sua boa ordem.”



Atenágoras de Atenas, Petição em favor dos cristãos, cap. 10, ano 177 d. C.  

APOLOGIA EM FAVOR DOS CRISTÃOS (ao imperador Adriano)


Aristides de Atenas, séc. II d. C.

Descendência dos cristãos

"Os cristãos, porém, descendem do Senhor Jesus Cristo, e este é confessado como Filho de Deus Altíssimo no Espírito Santo, descido do céu para a salvação dos homens. Gerado de uma virgem santa, sem germe nem corrupção, encarnou-Se e apareceu aos homens, para afastá-los do erro do politeísmo. Tendo realizado sua admirável dispensação, experimentou a morte por meio da cruz, de espontânea vontade, conforme uma grande economia [divina], e três dias depois ressuscitou e subiu aos céus. Ó rei, podes conhecer a glória de sua vinda, se leres aquela que, entre eles, se chama Santa Escritura evangélica."

Tradição apostólica

"Jesus teve doze discípulos que, depois de Sua ascensão aos céus, saíram para as províncias do império e ensinaram a grandeza de Cristo, de modo que um deles percorreu nossos mesmos lugares, pregando a doutrina da verdade. Daí porque, os que ainda servem à justiça da sua pregação são chamados cristãos. Estes são os que, mais do que todas as nações da terra, encontraram a verdade, pois conhecem o Deus criador e artífice do universo em Seu Filho unigênito e no Espírito Santo, e não adoram outro Deus, além desse."

Moral

"Eles têm os mandamentos do mesmo Senhor Jesus Cristo gravados em seus corações, e os guardam, esperando a ressurreição dos mortos e a vida do século futuro. Não adulteram, não fornicam, não levantam falso testemunho, não cobiçam os bens alheios, honram o pai e a mãe, amam o seu próximo e julgam com justiça. Não fazem aos outros o que não querem que se faça a eles; aos que os ofendem, eles exortam e procuram torna-los amigos; empenham-se em fazer o bem aos inimigos, são mansos e modestos; abstêm-se de toda união ilegítima e de toda impureza; não desprezam a viúva e não entristecem o órfão; aquele que possui, fornece abundantemente para aquele que nada tem; se veem um forasteiro, acolhem-no sob seu teto, e alegram-se com ele como verdadeiro irmão, porque não se chamam irmãos segundo a carne, mas segundo a alma..."

"Estão dispostos a dar a vida por Cristo, pois guardam com firmeza os seus mandamentos, vivendo santa e justamente conforme ordenou o Senhor Deus, dando-Lhe graças em todo momento pela comida, bebida e outros bens..."

Exortação

"Este é, portanto, o caminho da verdade, que conduz todos os que por ele caminham ao Reino Eterno, prometido por Cristo na vida futura. E para que saibas, ó rei, que não digo essas coisas por minha própria conta, inclina-te sobre as Escrituras dos cristãos e verás que não estou dizendo nada além da verdade."

domingo, 22 de setembro de 2013

QUANDO A INACESSÍVEL LUZ OFUSCOU A SI PARA SER VISTA E SEGUIDA PELOS HOMENS



"Assim como a palavra da mente, quando ainda não dita, não é ainda sensível, mas uma vez revestida pela voz pode ser recebida por nós, do mesmo modo o Verbo encarnado era incompreensível antes de seu nascimento; porém, após seu nascimento, Ele era como uma palavra expressa pela voz, revestida pela carne e perceptível aos sentidos. Com efeito, o Verbo se fez visível, não somente audível. Pois em si mesma pertence mais à palavra ser ouvida do que vista; o Verbo do Pai, porém, não poderia nem ser visto nem ser ouvido, até que, por meio de seu nascimento Ele se fez visível e audível."

O Verbo se fez carne, para que a Palavra e Sabedoria de Deus passasse à expressão, à sensibilidade acessível ao homem quebrado e caído, o qual, contudo, pode apreender o amor de Deus pela humanidade em Jesus Cristo, testemunho da plena Trindade que expressa a si mesma.

quarta-feira, 18 de setembro de 2013

ATEÍSMO, OU: MAIS UMA IDEOLOGIA REVOLUCIONÁRIA





Como toda ideologia revolucionária, o ateísmo adota como estratégia adentrar em círculos de pessoas religiosas para, gradualmente, subverter a mentalidade dos indivíduos mais fracos, que por ingenuidade patológica, burrice crônica ou safadeza despudorada, aderem ao ateísmo sem perceber que todos os regimes totalitários do século XX ou foram ateus, como os de tipo comunista, ou foram gnósticos, como o nazismo e o fascismo.

 

Os ateus, na mesma linha dos libertários e socialistas, denunciam a existência de instituições religiosas que prestam serviços sociais com algum auxílio do estado, como se isso fosse uma abominação imoral pior que o homicídio, mas nunca se vê um ateu ou um libertário criticar os rios de dinheiro que o estado passa muitas vezes sem licitação para ONGs revolucionários, aquelas que vão transformar a sociedade em uma comunidade laica de homens perfeitos. Ou seja: quando se trata de dinheiro público para descristianizar a população com leituras de Marx, Freud e Nietzsche, pra quê licitação e transparência, não é mesmo?  

 

O ateísmo não só é uma ideologia revolucionária, que serve para combater a cristandade, tentando suprimir da consciência moral as suas próprias condições de existência (a imortalidade da alma e Deus), como é uma ideologia assassina, ou, melhor dizendo, genocida, pois seus princípios são de uma má fé inquestionável: o ateu ou o agnóstico já partem do pressuposto de que o crente deve ser convencido de que vive em ilusão, e de que a verdadeira salvação está em negar o Deus de sua consciência, o seu mestre e magistrado pessoal, que lhe fala dentro de seu coração, o divino Verbo encarnado, Cristo Rei. Quem não se convencer de que vive e dissemina uma tal ilusão que causa mal-estar aos ateus, será eliminado da cidade. Pol Pot, Mao Tsé Tung e Ho Chi Min extinguiram milhões de almas que, por assim dizer, iludidas com o Crucificado, impediam o bom funcionamento da revolução, baseado na matança indiscriminada de famílias (só por serem famílias) e de dissidentes grávidas (só por serem dissidentes, mulheres e gestantes de um feto humano).

 

Seguindo os mesmos passos que os revolucionários liberais e socialistas, os ateus agora se reúnem em comunidades, para cultuarem a si mesmos, considerando sua ciência coisa para lá de superior a qualquer culto religioso, num ato de amor de si mesmos que Platão já havia identificado como a semente da discórdia na cidade, pois o ateísmo, ao negar a existência do Bem e das divindades astrais, inviabilizaria os fundamentos garantidores da ordem e da harmonia na cidade. Não é o ateísmo a ideologia que permeia toda a reforma do Código Penal? Se Deus não existe, o direito não é filho do céu, então os homens, a exemplo do que fazem as quadrilhas de narcotraficantes e piratas, podem erigir as regras que quiserem e alterá-las a seu bel prazer. "Societas impiorum" essa dos ateus, como já dizia Agostinho. 

 

Como se vê, o ateísmo jamais fundou civilização nenhuma, e nenhuma sociedade humana sobreviveria a si mesma sem um fundamento divino que possibilitasse não só uma ética como também o próprio impulso para sair da caverna e conhecer desde uma perspectiva mais abrangente. O ateísmo se considera uma libertação: é libertação negar a existência do sol e trancar-se numa caverna? 

 
 
 

terça-feira, 17 de setembro de 2013

O CARNAVAL COMO FONTE DE NOSSA IMORALIDADE, OU: TUDO PARA A LIBIDINOSA ALEGRIA DA OCLOCRACIA


                Não houve um só momento na recente história brasileira em que a intelligentsia nacional, completamente dominada pela sua concupiscência e pela sua ira, tenha deixado de justificar, celebrar, glorificar e sacralizar o carnaval brasileiro como fonte da moral pátria, o que já nos informa que ela não só é socialista como também licenciosa ao extremo (o degenerado regime que em grego se chama oclokratia). [i]

Toda vez que um cidadão, diante do carnaval, se escandaliza com a imensurável ausência de valores morais, os quais não só possibilitam uma experiência de vida harmônica na cidade (e, por que não dizer sinfônica), como também lhe apontam seu próprio sentido, a corriola inteira dos marxistas, niilistas e freudianos de plantão alardeia em praça pública que o brasileiro padece de um conservadorismo autoritário, fascista, coisa de gente desinformada, atrasada ou, como os filósofos do perigo gostam de afirmar categoricamente, quem moraliza é sujeito mal esclarecido e crédulo, ingênuo e supersticioso.

Desqualificando assim toda pessoa que, deliberando e decidindo desde o centro e o topo de sua consciência moral fundada sobre as verdades da imortalidade da alma e da existência de Deus, nossos acadêmicos escarnecem da palavra moralidade nas salas de aula, ao mesmo tempo em que enaltecem como o melhor e mais alto espelho da nação a nudez despudorada, a batucada frenética, a incontinência da luxúria e a violência dos quebra-paus de rua como sendo os componentes da experiência psíquico-fisiológica por excelência do entorpecimento mais libertador. Segundo a Filosofia da Suspeita que jamais pisa o território onde a oclokratia medra e abunda a felicidade humana só pode ser atingida pela alegria da libido, pela subcultura marginal que faz as apologias do banditismo social, da intolerância aos símbolos cristãos e da dilaceração do indivíduo na torrente da toxicomania, da promiscuidade orgíaca e do exibicionismo de todas as obscenidades privadas.

Ainda que o cenário cultural fabricado pelos panfletários do caos venha produzido desde os gabinetes de nossa inquisidora intelectualidade (pois quem suspeita se posiciona como magistrado para julgar segundo sua idiossincrática hermenêutica de Marx, Freud e Nietzsche), ainda há cidadãos que, como este que vos escreve, preferem o ostracismo à mordaça daquele que caiu e que, sem fé, esperança ou amor no coração, voluntariamente sobrevive dentro da caverna de suas paixões mais perversas, encurvado sobre si mesmo e sempre olhando para seu baixo-ventre, quando não para o chão cheio de dejetos, imaginando não haver redenção no cosmos que ele, como todo idiota, sequer deseja perceber.

Quem olhar para o Brasil desde o centro e o topo de sua consciência moral, seja anelando pela visão do hipostático Uno-Bem dos neoplatônicos, seja crendo fielmente na Santíssima Trindade, está plenamente avisado pela sua própria convivência social de que não só é impossível condenar no mundo da cultura a corrupção e a impunidade dos parlamentares degenerados, como é inviável recriminar a conduta imoral de narcotraficantes, proxenetas, fraudadores, estelionatários, latrocidas, assaltantes, estupradores e sequestradores, pela simples razão de que libertários, socialdemocratas, comunistas e anarquistas bradam em uníssono que é preferível manter o ritmo carnavalesco da amoral justiça brasileira, do que dar ouvidos ao melhor que o Ocidente já recebeu da Providência divina: a filosofia de Atenas, o arcabouço jurídico de Roma e o monoteísmo de Jerusalém. É preferível, para nossa intelectualidade, celebrar o carnaval como símbolo máximo da cultura brasileira e exortar a uma carnavalização geral dos costumes, para que Pindorama não só encene o trágico Drama de um demagógico Matriarcado de romancistas, como por esse teatro se liberte da Cruz, do LOGOS, de toda Palavra, Razão e Sentido, para que vivamos perpetuamente a apoteose de nosso amor-próprio, ingerindo o nocivo destilado da licenciosidade em estado puro e nos entregando aos prazeres dos comícios, dos bailes e das orgias, para que o OCLOS só ouça o que lhe agrada, passe a vida requebrando ao som das pancadas eletrônicas que varam a noite, e liberte sua libido de todos os grilhões postos em um corpo humano que já não deve ser mais entendido como morada do Pai, sequer como morada do Homem.

Animalizados ao extremo pela subcultura da revolta, da suspeita e da desconfiança disseminada pelo sistema educacional, detestando o cosmos e glorificando o triunfo do caos, não é à toa que nossos jovens cultuam em seus corações uma atmosfera caótica onde o ar é trevoso, onde ninguém está protegido da desordem, do vício e da arbitrariedade dos outros, onde demônios atearam um fogo fatal em todo o sangue adolescente: nenhuma paixão é ilícita, pois ilícito agora é orar por moderação, prudência, coragem e justiça, uma vez que os portões da razão foram arrombados por uma horda inflamada pelo encantamento das vozes trágicas que arrastam, para dentro das catedrais, suas ancestrais majestades monstruosas, os anjos caídos ansiosos por povoa-las com o caos de um Abismo sem redenção: o eterno carnaval do OCLOS que vocifera NÃO ao Pai e assume para si seu lugar no Nada.



[i] Citarei nesta nota apenas uma das inúmeras reportagens produzidas para descrever a montanha de cadáveres erigida morbidamente pela oclokratia que é o nosso carnaval. A reportagem segue citada na íntegra, para que aqui não se omita nada do que o clima carnavalesco pode proporcionar de pior na sociedade. Os nomes das vítimas também seguem incluídos na citação, para que o leitor perceba que não estou falando de números, como os intelectuais costumam fazer, mas de vidas humanas. Os filósofos da suspeita pouco ou nada dizem sobre essas vidas humanas desperdiçadas no processo criminalóide de dissolução e desregramento que eles propõem do topo de suas cátedras. “CRIMINALIDADE EM ALTA: 48 assassinatos no Carnaval. Somente no Interior do Estado, 26 pessoas foram executadas. Na Capital, um garoto de 10 anos de idade foi fuzilado. Um homem foi assassinado e seu corpo deixado numa estrada de terra no Município de Aquiraz. A Polícia identificou a vítima como Eliseu Neto Alves da Silva. Há suspeita de uma vingança. Pedro Sousa Silva, 19, foi preso um dia após matar um garoto de 10 anos no bairro Tancredo Neves. Na Polícia ele não demonstrou nenhum arrependimento. O crime estaria ligado ao tráfico de drogas. Na casa onde os criminosos estavam escondidos a Polícia encontrou três revólveres de calibre 38, além de muita munição de reserva. O cerco foi montado pela equipe da FTA da 4ªCia/5ºBPM e Cotam. Um garoto de apenas 10 anos de idade está entre as 48 pessoas assassinadas em todo o Estado durante o período carnavalesco. Desde a última sexta-feira, a Polícia fez o registro de 26 casos de homicídio no Interior e outros 22 na Grande Fortaleza, sendo 16 em Fortaleza e outros seis nos Municípios metropolitanos de Itaitinga, Guaiuba, Aquiraz (dois casos) e Caucaia (também dois registros).A morte do garoto Claiton da Silva aconteceu na noite de sábado passado, quando ele foi executado, com cinco tiros de revólver (dois deles na cabeça), na calçada de um mercadinho localizado na Rua Padre Francisco Pita, no bairro Tancredo Neves. Segundo a Polícia, uma desavença entre gangues pelo controle do tráfico de drogas naquele bairro teria sido o motivo da execução sumária do menino. Presos: No dia seguinte ao crime, policiais da 4ª Companhia do 5º BPM receberam denúncia acerca de quem teria praticado o homicídio. A tenente Nara Fernandes comandou a operação de cerco aos acusados juntamente com policiais da Força Tática de Apoio (FTA) da companhia e duas patrulhas do Comando Tático Motorizado (Cotam), do Batalhão de Polícia de Choque (BpChoque), sob o comando do tenente Rafael Cidrim e do subtenente Carlos.Numa casa situada na Rua Tibúrcio Pereira, no bairro Cajazeiras, os policiais prenderam Pedro Jeová da Silva, 19; e Ronys Lima Morais, 18. Os dois confessaram o crime. A Polícia deteve também Jociel Torres Gonçalves, 20, que teria emprestado sua motocicleta para os assassinos do garoto fugirem. “Matei e não estou arrependido, ele ia me matar”, disse Pedro Silva ao confessar ter atirado no garoto. Segundo ele, o menino pertencia à gangue da ´Cinquentinha´, que atua no tráfico de drogas no bairro Tancredo Neves e que seria chefiada por um bandido conhecido por ´Tiaguinho´. Na casa onde os bandidos foram presos a Polícia apreendeu três revólveres calibre 38. Crimes na RMF: A sequência de assassinatos no Carnaval na Grande Fortaleza teve início ainda na noite de sexta-feira na Grande Fortaleza, quando duas pessoas, identificadas como Francisco de Assis Silva de Oliveira e José Reginaldo Domingos de Paula, foram mortas nos bairros Maraponga e Vila Manuel Sátiro, respectivamente. No sábado, sete homicídios tiveram como vítimas Paulo Sérgio Rodrigues da Silva (no Siqueira), Igor Ferreira da Silva (Mucuripe), José Ednaldo Vieira da Silva (Itaitinga), Edmar Soares da Costa (Guaiúba), Francisco Denilson Pereira de Sousa (Messejana), o garoto Claiton da Silva (Tancredo Neves), Antônio Rocha de Sousa Júnior (Quintino Cunha) e Francisco Leandro Alves Damasceno (no bairro Serviluz). No domingo, foram mais seis assassinatos, tendo como vítimas Wállisson Oliveira de Carvalho e Reginaldo Moreira de Oliveira (duplo homicídio no Conjunto Rosalina), Francisco Jeová dos Santos (Carlito Pamplona), Francisco de Sousa Silva (Jardim Jatobá), Francisco de Assis Brito Alves (no Bom Jardim), e Paulo Jackson Rael de Araújo (no Henrique Jorge). Na segunda-feira, seis pessoas foram na RMF: Francisco Pereira da Silva Filho (em Aquiraz), Francisco Henrique André Gomes (no Cambeba), Eliseu Neto Alves da Silva (corpo desovado na Estrada da Boa Vista, em Aquiraz), Cláudio Roque de Assis (em Japuara, Caucaia), José Audízio Moreira de Oliveira (na Jurema, Caucaia) e Francisco Bergson Almeida Santos (no bairro Canindezinho). Interior: O maior número de homicídios aconteceu no Interior do Estado, onde até a noite passada foram mortas as seguintes pessoas, Luiz Alves (em Pindoretama), Cícero Fábio Pereira Guedes (em Juazeiro do Norte), José Maria Rodrigues de Melo (Limoeiro), Maria Rodrigues Sousa (Massapê), Expedito Ferreira (Jucás), Thiago Sousa Dias (Itapipoca), José de Sousa (Quixelô), Paulo Sousa (Icó), João Soares Duarte (Aiuaba), Gregório Francisco dos Santos (Viçosa do Ceará), Manuel Torres de Sousa (Sobral), Francisco Paulino da Silva (Ocara), Rafael Jackson Bezerra (Juazeiro), Alexandre Pinto de Lima (Sobral), Antônio José de Oliveira Silva e Maria do Carmo de Oliveira (duplo homicídio em Quixeré), José Neto Vitor da Silva (Jaguaribe), Cícero Cosmo da Silva (Acopiara), Francisco da Costa Carvalho (Crateús), Cristiano Sobral do Nascimento (Cedro), Antônio Ximenes Aragão (Varjota), Antônio Gomes (Quixadá), Natália Alexandrino Vieira (Barbalha), Messias Nascimento dos Santos (Aurora), João Batista do Nascimento (Acaraú) e Orlando Ferreira (em Itarema). Arsenal: 28 armas de fogo foram apreendidas pela Polícia na Capital e no Interior durante o período de Carnaval. A maioria era revólveres de calibre 38, além de pistolas de vários modelos.”
 
 
 

APOLOGETAS DA DESCRIMINALIZAÇÃO, OU: INCAPACITANDO O ENTENDIMENTO E A AUTODETERMINAÇÃO A PARTIR DE UMA CULTURA DE MORTE


Nietzsche, Rimbaud, Baudelaire, Baudrillard e todos os que fazem a apologia de uma visão fisiologicamente embriagada do mundo, são na verdade um thesaurus de slogans irracionais de onde marxistas, niilistas, ateus e neopagãos retiram suas frases de efeito para instaurar o REGIME DA INTOXICAÇÃO INTENSA E VOLUNTÁRIA PARA INCORRER CONSTANTEMENTE NO ERRO E NA IGNORÂNCIA. Afinal, é a última moda em Paris, capital do Maio de 68, dissolver-se no Absoluto ou no Abismo dilacerando-se a si mesmo no estado dionisíaco por excelência: A VISÃO TÓXICO-TRÁGICA DA EXISTÊNCIA HUMANA. O lixo da academia.

O propósito da descriminalização do porte e do uso de entorpecentes não visa a nenhuma diminuição dos maus tratos a drogados ou à solução para a violência do narcotráfico, porque o discurso proclamado pelo movimento intelectual e artístico a favor da descriminalização das drogas é, precisamente, uma APOLOGIA DA INTOXICAÇÃO QUE ALMEJA ELIMINAR, DIMINUIR E ALTERAR NO TOXICÔMANO SUA CAPACIDADE DE ENTENDIMENTO OU DE AUTODETERMINAÇÃO, embora pregue de um modo politicamente correto que só querem a livre autodeterminação individual, sem axiologia platônica nenhuma, obviamente, para capacitar o entendimento. 

Os niilistas e os beatniks querem única e exclusivamente que o estado não mais impute penalmente aquele que porta ou usa drogas na frente de crianças e idosos em parques, praças e bosques, e pouco lhes importa se os indivíduos sob a ação de entorpecentes euforizantes como a cocaína, a heroína e o crack perpetrarem atos depredatórios, obscenos ou até mesmo lesões corporais nos circundantes, isto sem excluir a hipótese de que qualquer drogado está muito mais propenso à prática do homicídio, dado que ele pode sentir-se provocado por um olhar ou gesto de outrem, que ele, com os sentidos perturbados pela sua desarmonia interior ainda mais acentuada pela ação do tóxico, responderá certamente com uma violência correspondente àquela que gerou em si mesmo. E depois será a sociedade dos cidadãos capazes de entendimento e de autodeterminação que serão responsabilizados por terem olhado, gesticulado ou simplesmente transitado pela via de um modo “errado”, que teria dado a entender ao toxicômano que alguém estava agindo injustamente com ele.

Se o toxicômano, primeiramente envenenado por aquele imaginário niilista que lhe arranca o sentido de sua existência, exigindo dele uma dilaceração de sua personalidade para que, enfim, se dissolva novamente na natureza (seja lá o que isto for para a mentalidade doentia do niilismo de Nietzsche), decide então entupir-se de drogas para alcançar aquele estado de perturbação afetiva intensa, com o desejo megalomaníaco de que aquele estado não apenas se intensifique, mas permaneça perpetuamente, para que a ira, a alegria e o prazer erótico afastem o medo, a aflição e a vergonha das condições individuais de sua vida, são os demais concidadãos que veem amplamente ameaçado seu direito à sua integridade física e psíquica.

Só quem não se apieda fraternalmente das almas desesperadas e angustiadas que perambulam errantes e intoxicadas pelas cracolândias da vida é que celebram a descriminalização do porte e do uso de entorpecentes como um sinal de progresso para a socialdemocracia brasileira. Afinal, quem, dos mais aguerridos defensores da descriminalização são ou foram toxicômanos que perderam todas as melhores coisas da vida para dissolver-se na tormenta do desregramento intoxicado? Quem? Conheço muitos que depois de umas duas ou três cheiradas pediram dinheiro para o papai e, depois da internação em ótimas clínicas psiquiátricas, passaram a posar de iniciados em mistérios dionisíacos, dizendo que o Abismo é tudo de bom. Estou esperando sentado o dia em que abandonem seus cargos acadêmicos e, coerentes com o exemplo de seu idolatrado Rimbaud, se tornem traficantes de armas.  

segunda-feira, 9 de setembro de 2013

DEMOCRACIA BRASILEIRA, OU; O PRETÓRIO DE PILATOS


A democracia compreendida como a possiblidade da indiferença entre a experiência da fé e o ultraje a culto pôde muito bem ser vista (por quem não acha a realidade exterior uma impressão sensível enganosa) quando, durante a vigília dos peregrinos católicos na Praia de Copacabana, algumas vadias se reuniram para marchar com os seios nus e gritar histericamente “Estado laico já”. Nossa presidente, sendo aquela combinação maquiavélica de leão e raposa na figura da princesa que dissimula seu criminoso ateísmo comunista, posou para as fotos simpaticamente ao lado do Papa, e, momentos depois, fez o mesmo com algumas das vadias. Levou para casa o título de Rainha dessa categoria de mulheres.

Com o discurso persuasivo e comovente da raposa, dias antes nossa presidente emulara subversivamente as palavras do Sumo Pontífice, apresentando-se como aquela que está tentando construir o Paraíso dos justos na terra; contudo, ela foi depois leão, ao permitir que suas caras vadias perpetrassem as maiores obscenidades usando o crucifixo, símbolo de nossa fé, em local próximo ao da vigília em Copacabana, certamente na tentativa de provocar a massa de crentes que, ao contrário da expectativa delas, permaneceu em silêncio, quase num temor reverencial diante de uma antevisão da Besta. Afinal, aprendemos dolorosamente que, em nome da democracia, o ato de amar e temer o Verbo incriado, encarnado e inspirado, imolado como inocente cordeiro, não pode fruir de sua evidente superioridade axiológica e deve equivaler, em respeito da tolerância mais paradoxal, ao ato de introdução de crucifixos nas cavidades anais de algumas aspirantes a mênades, que justificam tal perversidade com sua luta pela descriminalização do aborto.

Três milhões de cristãos emudeceram naquele crepúsculo porque na verdade somos silenciados desde pequenos em todas as instituições públicas de ensino e de cultura. Quantas vezes alunos cristãos são repreendidos severamente por professores militantes em sala de aula, e quantas vezes professores cristãos são violentamente atacados pela súcia de pedagogos ateus ou agnósticos que povoa o Olimpo acadêmico? Com o triunfo da Hermenêutica da Suspeita na universidade, todo aquele que discursa apologeticamente em favor das verdades da fé narradas no Símbolo Atanasiano, é automaticamente tachado de lunático criacionista, homofóbico, inquisidor, caçador de bruxas, fundamentalista religioso, ou, na melhor das hipóteses, de uma pessoa ingênua, desinformada e inculta (como se compreender a consubstancialidade das Três Pessoas fosse fantasia ou alucinação de um psicótico ignorante).

No lugar da Santíssima Trindade, adorada por aqueles três milhões de cidadãos brasileiros que peregrinaram para viverem a fé em comunhão, a intelectualidade despudoradamente impõe o culto à tríade ctônica, Marx, Freud e Nietzsche, pedindo prisão em regime fechado para todo aquele que marcha para Jesus Cristo e se declara contra a descriminalização do aborto, a descriminação do porte de entorpecentes (ou de seu uso “ostensivo”) e o desagravo das penas para crimes contra a pessoa humana (já que pelo projeto da reforma do código penal abandonar um animal será mais grave do que abandonar uma criança). O silêncio é ainda mais medonho no que diz respeito ao casamento gay: em nome da transvaloração dos valores e da irrepreensibilidade da incontinência da libido, danem-se o sexo genital, a família e a criação da prole. Pra quê a estrutura natural da geração, não é mesmo? Flagelação, prisão e ostracismo para quem for contra a união civil de homossexuais.

Que falta nos faz um Atanásio, um Clemente Alexandrino, um Agostinho, um João Crisóstomo, um Máximo, o Confessor, um Boaventura, para dar nome aos bois, denominando de estultos os acadêmicos, parlamentares e jornalistas que falam desde o trono da mais alta burrice. Com uma intelligentsia nacional dedicada à descristianização da sociedade, formando hermeneutas da suspeita que, uma vez instrumentalizados pelo arcabouço conceitual de Marx, Freud e Nietzsche, infestam a universidade e a rede pública de ensino imprecando nocivamente contra as instituições eclesiásticas, difamando a tradição apostólica, caluniando santos e exigindo a instauração de uma espiritualidade gnóstica avessa à autoridade da Igreja e impermeável à cosmovisão própria dos que pertencem à communio ecclesiae, não resta dúvida de que estado, academia e mídia estão alinhados no combate aos valores cristãos enraizados na cultura de milhões de brasileiros. Assim, o povo de Deus não apenas emudeceu diante da marcha das vadias que profanavam os crucifixos, como se encurvou sem reação alguma a um dos ataques mais mortíferos já organizados pela intelectualidade que tomou para si o posto de elite dirigente.
 
Seguros de que podem evocar na ralé militante as piores reações caso apontem para um religioso e o chamem publicamente de “fundamentalista”, “autoritário” ou “neurótico”, os filósofos do perigo garantiram para si aquela posição central de oradores demagogos numa ágora semelhante ao Pretório de Pilatos, instituição basilar tão comum em democracias fundadas sobre a indiferença entre virtude e criminalidade.

Sobre o jacobino - Olavo de Carvalho lendo Hipollyte Taine

Se você estranha o descaramento com que os apóstolos do "mundo melhor" mentem, trapaceiam, metem a mão no bolso dos outros e ainda se acham as encarnações supremas da virtude, fique sabendo que isso não é nenhum desvio, nenhuma perversão do espírito revolucionário: é o próprio espírito revolucionário. 
 
Eis como Hippolyte Taine, o grande historiador da Revolução Francesa, descrevia,  em 1875 a mente dos jacobinos:
 
"Segundo o jacobino, a coisa pública é dele, e, a seus olhos, a coisa pública abrange todas as coisas privadas, corpos e bens, almas e consciências. Assim, tudo lhe pertence. Pelo simples fato de ser jacobino, ele se acha legitimamente tzar e papa. Sendo o único esclarecido, o único patriota, ele é o único digno de comandar, e seu orgulho imperioso julga que toda resistência é um crime... No entanto, resta-lhe pôr em acordo seus próximos atos com suas palavras recentes. A operação parece difícil, pois as palavras que ele pronunciou condenam de antemão os atos que ele planeja. Ontem, ele exagerava os direitos dos governados, ao ponto de suprimir os dos governantes; amanhã ele vai exagerar os dos governantes até suprimir os dos governados. "
 
E finaliza: "A dar-lhe ouvidos, o povo é o único soberano, e ele vai tratar o povo como escravo. A dar-lhe ouvidos, o governo não é mais que um criado de quarto, e ele vai dar ao governo as prerrogativas de um sultão. Ontem mesmo ele denunciava o menor exercício da autoridade pública como um crime, agora ele vai punir como um crime a menor resistência à autoridade pública.”

terça-feira, 3 de setembro de 2013

A SUPREMA CLÁUSULA PÉTREA, OU: O TRIUNFO DA OCLOCRACIA



Há uma cláusula pétrea não escrita em nossa Carta Magna, mais em vigor, porém, do que qualquer outra: a genuflexão aos Direitos Humanos da criminalidade organizada. Em nome da conservação do bom mocismo socialdemocrata, o narcoterrorismo não pode ser investigado a fundo pelos órgãos de segurança pública porque nossa axiologia libertária (que absolutiza as garantias jurídicas fundamentais de que os delinquentes se valem para perpetuarem suas iniquidades) não admite que a autoridade estatal reaja aos ataques da bandidagem senão com medidas socioeducativas e muito diálogo com essa súcia de malditos. Infestação enfadonha da atitude complacente de Brizola e de Montoro, que concederam à bandidagem a soberania sobre as comunidades pobres, que hoje são reféns do PCC-CV em razão da instauração de um estado social que o tucano ousava chamar de democracia cristã. Como se o amor ao próximo não incluísse a aplicação da justiça penal, e o estado democrático de direito devesse representar a oclocracia concupiscente e embriagante chamada narcotráfico.

Quando narcotraficantes queimam ônibus, incendeiam suas celas e fazem reféns em rebeliões nos presídios, atiram contra bases e delegacias policiais, executam seus desafetos (sejam eles policiais negros e pobres ou concorrentes mais ávidos de poder) e ordenam despoticamente o toque de recolher nas periferias de nossas metrópoles, a grande maioria dos intelectuais das Ciências Humanas, dos artistas engajados e dos advogados especializados em Direitos Fundamentais, bradam em uníssono: menos punição, mais educação; mais democracia e menos repressão.

Qualquer cidadão que não padeça de ingenuidade crônica sabe que esses slogans da socialdemocracia brasileira são parte de uma estratégia insurrecional para alienar morbidamente todos nós de qualquer capacidade de reação contra a tirania da criminalidade. Porque quando um revolucionário alerta que os narcotraficantes são o que são devido à má qualidade da educação oferecida pelo estado socialdemocrata, resta óbvio a qualquer suburbano idôneo que o revolucionário tem um programa educacional bem debaixo do braço para afastar os jovens da criminalidade e introduzi-los à única saída louvável aos olhos dele: a militância comunista, também chamada, no ambiente pedagógico, de protagonismo juvenil. Ademais, quando um revolucionário, diante da tirania da criminalidade (visível em rebeliões de presidiários e na obrigatoriedade do toque de recolher), exige menos atos repressivos das autoridades e mais práticas democráticas, seja lá o que isso for para ele, qualquer suburbano honesto reconhece de cara o ardil: a violência depredatória e desenfreada dos bandidos é sempre propagada, difundida e enaltecida como uma resposta rebelde aos excessos da autoridade policial, a qual é, portanto, sempre a única responsável pela criminalidade que ela mesma diz combater.

Logo, segundo esse ardiloso estratagema dos sedizentes transformadores sociais, não são os narcotraficantes os verdadeiros culpados pela massa de crimes hediondos cometidos em nossas metrópoles, mas o estado socialdemocrata que não lhes ofereceu uma educação de qualidade (voltada para a formação de uma juventude protagonista, ou seja, para a constituição de uma militância comunista), nem soube escutar a voz das ruas (a qual clama ardorosamente pela extinção da autoridade policial, não porque acredite no simplório Anarcopunk, mas sim porque deseja uma justiça comunitária, isto é, tribunais e linchamentos populares).

Qualquer semelhança com a Revolução Cultural proposta por Gramsci não é mera coincidência: primeiro a maquiavélica intelligentsia nacional formou agentes educativos para criar uma cultura insurrecional (baseada, sobretudo, no niilismo e no marxismo); depois que a sociedade não mais detém um arcabouço cultural para refrear a apologia da criminalidade, basta assistir ao espetáculo da insurreição do narcotráfico, e apontar para o estado como responsável pelos criminosos terem-na escolhido. Se narcotraficantes estão no submundo dos tóxicos porque desde há décadas o entorpecimento da razão é propagado como a mais nobre libertação do inconsciente, como a mais pura experiência da dissolução e do desregramento báquicos, como a mais fácil possibilidade de cada indivíduo escapar do estado repressivo da cristandade para o seio da dilaceração que faz de todo toxicômano uma encarnação viva de Dioniso, o embriagado deus do subterrâneo de nossas paixões, ninguém pode denunciar o quanto essa lassidão moral já permeava a cultura de nossos letrados, fãs de Maquiavel, Nietzsche, Reich, Baudrillard, Marcuse, Baudelaire, Blake, Lautréamont, isso sem falar do culto à imoralidade integral de Sartre, Foucault, Rousseau, Schopenhauer, e do ídolo de todos, por sua negação da hipocrisia e completa assunção de sua torpeza luxuriosa, o filodóxo pornô Marquês de Sade. 

Quem se insurgir contra essas estátuas sagradas cultuadas pelos babosos da academia, não poderá concorrer, munido somente de sua superioridade intelectual, em nenhum concurso para conquistar meritoriamente os títulos que aqueles ostentam de posse de uma subcultura ginasial adequada a seus fins, fins esses que poderiam ser resumidos à sua simples puerilidade: a subversão de toda a tradição metafísica cristã, em nome de uma defesa do “outro lado da verdade”, em nome de um combate à hipocrisia por meio de um convite à dissolução no submundo, único mundo cognoscível aos cultores do deus coroado de hera.

Se o mundo precisa viver seu submundo à flor da pele para tornar-se menos hipócrita, como querem nossos libertários, anarquistas e tutti quanti, nada menos razoável, para eles, do que a entrada em massa da juventude pobre para a criminalidade, sem conceito algum de retidão que dê fulcro a ajuizamentos morais, pois se a ninguém é concedido ajuizar ponderações morais sobre o erro de conduta de quem se entrega à toxicomania, o único corolário que pode ser deduzido dessa axiomática na esfera jurídica penal é que também não se atribui a ninguém condenar à prisão quem vive de um narcotráfico tão solenemente justificado pela nossa intelligentsia. Tudo em nome de uma suposta luta contra a hipocrisia inerente à civilização judaico-cristã, e por uma abertura do homem para sua extrema possibilidade: o Nada.

Se cada indivíduo deve precipitar-se no abismo da hostilidade do mundo para amadurecer, sendo tão hostil quanto isto lhe seja exigido da contingência que o cerca e o informa, abandonando-se ao entorpecimento de suas faculdades racionais pelo uso de drogas, ou regendo sua razão como escrava instrumental de sua vontade de potência tornando-se dono do morro, isso é irrelevante para os filósofos da suspeita, os soberanos de nossa academia, pois pouco lhes importa o que ocorre nos subúrbios de nossas metrópoles. Com tanto que a intelectualidade permaneça incólume em seu programa de suspeição diante de toda e qualquer tradição axiológica metafisicamente construída sobre a fé (e é contra esta que eles guerrilham), como se toda e qualquer ação justa fosse dissimulação de uma hipocrisia natural ao próprio conceito de justiça divinamente inspirada (isto é, todo santo só age interessado em sua glorificação pelos homens que assistem a sua “performance”), de nada valem os esperneios da população pobre nos cultos, marchas, romarias e missas: não são os filhos da intelligentsia que fornecem cérebros, corpos e vidas para a dependência química ou para o tráfico de drogas; como todos estamos cansados de saber, o grosso dessas tropas é formado pelos rebentos dos pobres. A juventude niilista e marxista que queima seu baseado nos CAs da vida pode vender o carro para tratar-se em clínicas psiquiátricas, e depois pode posar de gnóstica órfica que desceu aos ínferos e sabe a dilacerante verdade do Abismo, sem a graça penitencial, obviamente, porque isso é coisa de pobre que acredita na ilusão sem futuro, isto é, no Cordeiro de Deus.

Por isso se explica a facilidade com que nossos doutores se arvoram em iconoclastas sem nenhum mérito: em vez de derrubarem as estátuas daqueles que tanto desqualificaram a cristandade denominando-a a sociedade dos esgotados, fracassados, mórbidos, ateus (porque monoteístas), tiranos, repressores, ressentidos, recalcados, burgueses, etc., eles preferiram erigir as inatacáveis cátedras de onde, como panfletários do caos, podem apedrejar o cristianismo (católico, ortodoxo, etc.), o que eles chamam de “platonismo para pobre”. Como se Platão, preocupado com o Bom, o Belo e o Justo, não fosse, em muito, superior a um Nietzsche preocupado com a embriaguez fisiológica capaz de fazer o homem entrar em contato com seu subterrâneo ctônico, para nele dissolver-se se entregando à toxicomania, ao banditismo e à promiscuidade sexual. Não foram os beats exemplos dessa dissolução?

Afirmar que Platão é o pai da eugenia quando estamos diante da oferta do aborto e da eutanásia como serviços médicos a serem legalizados e amplamente disponibilizados na rede pública de saúde, isso sim é hipocrisia, isso sim é um retrocesso absurdo ao esgoto do totalitarismo, que confere ao estado-cientista o poder total de vida ou morte sobre qualquer um dos esgotados, dos vulneráveis, dos que ele chama de “ressentidos”. Afinal, nossa intelligentsia da suspeita trabalha toda ela para a construção de um estado-fundador, de um estado-criador da nova sociedade supostamente sem classes, de valores transvalorados e não reprimida em sua incontinente libido.

Quase ninguém escreveu com todas as letras que essa sociedade de “vanguarda” já existe nas comunidades dominadas pelo narcotráfico: ninguém é mais rico do que ninguém, entre a rua e a casa há uma continuidade, todo mundo é família, é tudo nosso; todo indivíduo é subserviente à ditadura dos caciques; ninguém tem autoridade para ajuizar o moralmente belo nem o racionalmente verdadeiro; homens e mulheres devem extravasar sua libido alegremente nos bailes funk, ao som de alto-falantes, fogos de artifício e rajadas de AK-47. É a oclocracia do amor-próprio, chefiada pelo Übermensch, cultora das forças ctônicas, abandonada ao império da cólera e da volúpia, palco onde argutos demagogos promovem o ódio e a vingança (de crianças contra pais, de mulheres contra homens, de negros contra brancos, de pobres contra ricos, de pagãos contra cristãos, de gays contra heterossexuais, do morro contra o asfalto, etc.), como motores da expansão da nova Babilônia. Nela, toda alma que anela a honestidade só pode se achar no exílio.  

Por incompreensão total da república platônica ou da cidade celeste agostiniana, ambas consistindo em denúncias dos motivos da degeneração do convívio sociopolítico, propondo o verdadeiro filosofar sobre a possibilidade de sobrevivência daquelas comunidades que não atinavam para suas equivocadas concepções de si mesmas, nossa intelligentsia não só subverteu o valor dessa tradição metafísica, como faz dela diuturnamente uma propaganda negativa, quando na verdade totalitários são aqueles que arrancam de cada homem o seu direito ao verdadeiro, ao belo e ao justo, e expulsam dos templos, das salas de aula e das mesas de debate o grito atormentado de todo aquele que não deseja gemer sem esperança no inferno criado e comandado pelo poder anônimo, mas onipresente, do niilismo e do marxismo. 

Dessa forma, insistir na pertinência de um debate acadêmico sobre a relação entre democracia e cristianismo, por exemplo, não só é totalmente inútil na atual conjuntura, como é sintoma de uma alienação patológica dos liberais e conservadores que ainda não compreenderam o comunismo como uma teoria da ação revolucionária, da ação supressora de toda a tradição axiológica judaico-cristã ocidental, e que persistem na supersticiosa crença de que o comunismo se resume a uma estatização da economia ou a um estado opressor. Nossos liberais ainda não perceberam o trabalho das ONGs na legitimação do mercado informal, gerador de renda sem tributação, nem se conscientizaram de que os marxistas não se importam com a ação da criminalidade, só com a reação da Polícia.

O comunismo é a onipotência de uma cúpula hereditária no governo e a anarquia total na base (na Rússia, os servidores públicos adoram ser subornados; em Cuba a quimbanda, crença respeitadíssima, faz o mal ao próximo sem crise de consciência, e a prostituição é altamente recomendável; no interior da China homens e mulheres vivem separadamente e variam o menu sexual quando querem; os guerrilheiros das FARC usam e abusam dos corpos femininos, elegem o bumbum do ano e treinam crianças para morrerem nos combates). Desde que ninguém se diga contrário ao regime, está tudo na lei.   

Ademais, a esquizofrenia da maior parte de nossos liberais e conservadores é manifesta na defesa que eles empreendem da liberdade absoluta do mercado, o que supostamente contraria o livrinho de regras do comunismo, combinada paradoxalmente com a propagação virulenta das críticas mais rebeldes a todo e qualquer sistema axiológico metafisicamente fundamentado (o cristianismo católico, o ortodoxo, etc.), difundindo um niilismo que se harmoniza sinfonicamente com os preceitos de guerrilha cultural também fixada por aquele mesmo livrinho.

Se todo justo só é aparentemente justo, sendo na verdade um hipócrita, que dissimula o seu interesseiro amor-próprio sob a capa da justiça beatificante, de vez que só vemos as aparências e só as aparências nos importam, é possível denunciar a hipocrisia do militante socialista que, conforme Plekhanov, faz propaganda do Novo Evangelho, do Socialismo Científico, como salvação da humanidade, mas é impossível discordar do militante quando ele afirma categoricamente (desde que atenda à subversão, todo equívoco é válido) que o sistema teológico-filosófico metafísico possibilita o Absolutismo. Desde 1883 o comunismo tem sua doutrina: Plekhanov não só examinou as diferenças entre liberais, anarquistas e socialistas, como soube programar uma combinação dessas forças antagônicas, cada qual tomando a imagem degenerada (monarquia absoluta) pelo espírito da Verdade (tradição metafísica cristã), alicerçando intelectualmente a explosão da revolução consumada em 1917. Desde Maio de 68 nossa intelligentsia entendeu que também podia subordinar os niilismos de Nietzsche, a crítica do cristianismo popular efetuada por Freud, às estratégias de guerrilha cultural gramsciana, para infestar o imaginário popular com a univocidade marxista. Está funcionando de uma forma inacreditável, enaltecendo a inveja, a vingança, a luxúria e a ira, paixões próprias dos regimes do amor-próprio: a timocracia, a oligarquia e, o pior de todos a oclocracia.    

 O anelo de uma sociedade que não tenha por fim o amor-próprio dos homens, seu timocrático apetite de glória terrena (que degenera na oligárquica concupiscência por superabundância de riquezas), mas a experiência, na medida do humanamente possível, da cidade celeste, guiada pelo conhecimento da Verdade, e vivida na fé, na esperança e no amor ao próximo, não pode sequer ser cogitado em debates públicos se não nos conscientizarmos de que estamos sendo apunhalados pelas costas pelo partido governante que não só aglutina a militância cultural dedicada a difundir a tal Hermenêutica da Suspeita por toda parte, como é membro fundador de uma entidade que há vinte e três anos colabora com a narcoguerrilha que fomenta o narcoterrorismo brasileiro: estou falando do Partido dos Trabalhadores, do Foro de São Paulo, das FARC e do PCC-Comando Vermelho. Estou falando dos demônios do Anticristo.

Enquanto nos fizermos de eunucos aduladores, para não incomodarmos quem não suporta o primado da temperança, dissimulando nossa virtude para não parecermos demasiadamente famintos dos dons da prudência, da justiça, da coragem e da moderação (os quais nunca devemos cansar de pedir em nossas orações), o Anticristo nos apunhalará covardemente no escuro da entorpecente treva que ele astutamente trouxe para o seio de nosso espírito, para dentro dos muros de nossa vontade e de nossa razão, na audaciosa tentativa de roubar o pão dos anjos anelado pelo nosso já inquieto coração, agora ainda mais desassossegado. Incumbe-nos, assim, não sermos mansos com as paixões dissolutas, nem puros de coração por vanglória, nem pacificamente submissos ao império da imanência, mas preparados para confrontar esses demônios com a firmeza da fé unida à razão, porque a sobriedade de quem humildemente filosofa segundo a via de Cristo, Sabedoria de Deus, regendo-se o máximo possível pela prudência, pelo discernimento das culpas, pela penitência contínua e pela caridade, não escapará da difamação promovida por aquele que milita segundo a carne, e será chamado de tirano pelo flanneur ebriamente escravo de seu próprio baixo-ventre, no contínuo desconcerto desta oclocracia intitulada Brasil.